Estar Sendo. Ter Sido. *

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Ontem, conversando com o L. (vibe Death Note), falamos sobre como eu era e como sou, visto que nos conhecemos há 11 anos, dá para se falar em passado/presente. Percebi algumas coisas sobre mim, outras ainda permanecem desconhecidas. Resolvi listar algumas, a título de experiência, e ver se continuo assim daqui uns 5 meses.
Ei-las:
  1. Confusa, hoje reconheço, mas aos 17, era cheia de certezas e de que nunca iria mudá-las;
  2. Ciumenta, sempre fui, mas a capa de "modernidade" com a qual me revestia, impedia-me de demonstrar;
  3. Introspectiva, se bem que isso não mudou muito, a maior parte de pensamentos/sentimentos guardo para mim, embora a palavra faça parte do meu mundo e eu seja tocada/comandada/manipulada por ela, é uma relaçao de submissão, passividade, encaro-as mas não as domino, ou talvez seja só egoísmo;
Há tantas outras coisas, mas ainda agora não vejo meios de transmutar a idéia (com acento mesmo) em palavra. Um dia eu consigo.

"Eu vou embora sozinha. Eu tenho um sonho, eu tenho um destino, e se bater o carro e arrebentar a cara toda saindo daqui. Continua tudo certo. Fora da roda, montada na minha loucura. Dá minha jaqueta, boy, que faz um puta frio lá fora e quando chega essa hora da noite eu me desencanto. Viro outra vez aquilo que sou todo dia, fechada sozinha perdida no meu quarto, longe da roda e de tudo: uma criança assustada"
Caio Fernando Abreu - Dama da Noite

* Hilda Hilst - Estar Sendo. Ter Sido.

Sonho.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009


Festa em um prédio, algumas pessoas conhecidas, a maioria eu nunca tinha visto. Música, conversas, há um sofá escuro encostado numa parede cuja tinta está descascando, converso com um rapaz, sensação de já tê-lo visto em algum lugar; sacada do prédio, que agora percebo ser uma espécie de clínica, o mesmo rapaz, estamos próximos a uma parede, consigo enxergá-lo melhor e percebo que é um antigo aluno, ele diz que sabia quem eu era e que não se importa com isso, amassos, resolvemos sair dali e percorremos um corredor, que estava mais para labirinto, perco-o de vista algumas vezes; quarto com meia luz, cama no meio, branco e marrom, um tom terroso, lembro-me de ter deitado sobre o braço dele e de sentir a respiração próxima à minha orelha, o cabelo dele era castanho, caía sobre o rosto, a pele era um tanto áspera e rescendia a cânfora (sonhos têm cheiro?) ou algo parecido, deixava-me anestesiada, mãos grandes, uma delas estava espalmada em minha perna, a outra estava perto de minha boca, podia sentir seus dedos nela. Conversamos algo e dormimos. Dormi. Mergulhada em outro sonho, perdida num espaço onírico. O que é real? O que é desejo?
Acordei.

domingo, 27 de setembro de 2009

Mês quente, o mais quente do ano, acordando várias vezes de madrugada para tomar banho. É o Armagedon, serious, o mundo vai acabar em fogo. Deixando todo o drama de lado, vida tá super corrida, sinto falta de postar, mas ainda estou em uma vibe down e não quero ficar escrevendo tristezas porque ao invés de mitigar, elas aumentarão.
Algumas notícias boas, viajo em janeiro, minhas lentes chegaram e são confortabilíssimas, super recomendo as acuvue hydraclear, meus olhos não ficam vermelhos e eu chego a esquecer que estou usando-as, passei no seletivo para o projeto Darcy Ribeiro, resta saber quando vão me chamar.
Bem, é isso.

"As boas notícias não gostam de barulho. Sabem que pisam em território hostil, sabem que os inimigos podem vir de toda parte e por isso, quando se aproximam, medem bem os passos. Com medo de nos acordar, as boas notícias preferem chegar na ponta dos pés. Mesmo assim, ela acordou e viu as letras boiando no monitor colorido, no alto, a tempo de ser informada de que já não existia. O sono de repente escorreu pelos seus pés e Joana recebeu em cheio, na retina, no ouvido, na própria pele, o golpe desorientador, a aflição de quem acorda sem poder lembrar, a princípio, onde está. Depois de dormir de mau jeito em uma cadeira no saguão do aeroporto, Joana girou os ombros, balançou a cabeça para um lado e outro, se desfazendo do que parecia um excesso de ossos, uma rigidez desencontrada, e tentou pôr os músculos de volta no seu contorno original. Ao mesmo tempo, o monitor luminoso insistia em repetir o seu nome, letra por letra, as sílabas flutuavam sobre a lápide de água, anunciando que, havia alguns minutos, Joana tinha deixado mesmo de existir.
Este mundo já não a conhecia."
Rubens Figueiredo. (Trecho do conto "Sem os Outros", do livro As Palavras Secretas)
 
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